Eu queria sim, ter vivido na época da revolução. Tenho alma, sangue e cara a tapa de revolucionária.
Eu queria ser um daqueles estudantes gritando por libertação de um governo ineficiente. Queria ser umas daquelas milhões de pessoas pedindo democracia.
Se fosse um pouco antes, seria uma idealista ferrenha e uma esquerdista por natureza. Seria uma daquelas tantas mulheres lutando por igualdade e junto com os homens, seria uma das tantas mulheres brasileiras que foram presas e "sutilmente" torturadas e reprimidas.
Teria sentido o peso de cada ato, mas o orgulho me impediria de desistir ou mudar de opinião.
Vim ao mundo "adulto" e vi que isso ainda existia, que ainda tinham pessoas movidas a ideiais e um pensamento de igualdade. Me perturbou - num bom sentido - um pouco, quase me deixei levar, segurei, pensei, amadureci.
Consegui perceber que essa sede por revoluções, manifestações, passeatas, gritos de ordem, que na época dos meus pais era uma forma de chamar atenção para as questões; hoje virou uma questão de vandalismo e violência, em muitos casos. Se deixarem, o bater panela vira bater no alvo mesmo. Os monumentos e espaços públicos (câmaras, prefeituras, reitorias, restaurantes) são os melhores alvos, não saem do lugar e nem revidam.
A palavra de ordem virou: quebradeira.
Esses jovens que estagnaram em meados na década de 60/70 e quem sabe 80 estão certos de que eles garantirão a valia de seus direitos através de violência. Quebrar tudo não é a solução. Chamar políticos corruptos, nacionais ou internacionais, de ditadores, imperialistas, xiitas e se ocuparem das idéias marxistas como bíblia, não faz mais parte do século em que eles estão inseridos, século da tecnologia, da inovação, da inteligência e cada vez mais, da arte.
É importante saber do que trata o socialismo e todas as outras correntes, é o saber que nunca pode ser descartado, por uma pura questão histórica-mundial. Mas o mais importante é saber do que se trata o direito de um cidadão, é se preencher de valores e caráter. Saber o que é respeito e saber até onde vai o limite dele.
Ainda acredito que podemos mudar muitas coisas. Acredito na revolução da inteligência, da mobilização juvenil-estudantil, nas intervenções artísticas se valendo de todos os meios de divulgação (vantagem sobre os anos revolucionários passados, que não os possuía).
Me assusta um pouco estudar em uma faculdade onde estamos cercados de poesia e arte, e existirem pessoas com um pensamento tão amarrado no que um dia já deu certo. E também só deu certo porque a política do "com ferro fere, com ferro será ferido" sempre se sobressairá, se eram tratados a tapas e pontapés, era com mais tapas e pontapés que seriam ouvidos.
Se hoje estamos vivendo numa política por trás dos panos, utilizemos dessa mesma política, só que com uma ajudinha da época inspiradora para nossos desbravadores, onde as pessoas sabiam driblar a censura e falar exatamente o que queriam.
Vamos criar. Fotografias, poemas, pinturas, esculturas, peças teatrais, livros, jornais, revistas, redes sociais!, grafites, programas.
A revolução pode ser feita, mas sobre um outro prisma, com inteligência e jogo de cintura.
Brigar só vai fazer com que sejamos encarados como vândalos e criaturas perigosas, sendo até, quem sabe, presos com direito à cabelos raspados! Um ultraje!
segunda-feira, 21 de março de 2011
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Um comentário:
Adorei ! estou curiosa!
foto p/ vc no fb !
beijos, Lara L.
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