sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Colecionadora

Eu pensando em arrumar um armário repleto de buginganga, lembrei da minha velha coleção de papel de cartas, que na verdade nem é minha realmente. Minha mãe quando mocinha colecionava, e me passou quando cresci.
Pensei nas coisas que estavam no armário que eu iria jogar fora, logo me veio a coleção, já que eu não sou boa colecionadora e nunca colecionei nada como botões, álbuns de figurinha, tampas de latinha, bichinhos de pelúcio e essas coisas materiais. Para mim nunca fez muito sentido.
Mas revirando meus arquivo na memória descobri que eu gosto de colecionar sim, mas não essas coisas, que pra mim continuam sem utilidade alguma.
Eu coleciono preciosidades.
Tenho uma memória boa, nada impressionante, mas bem aguçada. E foi lá que encontrei minhas coleções.
Descobri que tenho várias e me encantei com cada uma delas.
Comecei a passear entre elas e fui até a minha coleção de sons. Ouvi um por um: o som do vento, do latido do meu cachorro, do motor do meu carro, da água quando cai da caixa, da TV de todos os dias, do teclar do computador. Ouvi o som daquele beijo estalado de mãe quando chega em casa, e muitos outros que fazem parte do meu dia-a-dia.
Passei horas parada nessa coleção, mas tinha outras para ver. Então desci mais um pouco e avistei a minha coleção de pequenos gestos.
Ah! Essa é minha preferida.
Vi aquele abraço apertado no momento certo ou aquele abraço pelo simples prazer de abraçar, asflores compradas de improviso nos meus 15 anos e o guardanapo que veio junto com uma mensagem, mais improvisado ainda, o simples sorriso de canto de boca, o obrigado mais "inútil", o elogio mais inesperado, o telefonema surpreendente.
Como essa coleção me fascina.
Gastei muito mais horas nela, só vendo o que ela continha e rindo sozinha.
Dei uma passada breve na coleção das mágoas. Essa não me agrada muito, mas fica lá guardada.
Fuxiquei só mais um pouquinho e lá etava ela, a coleção dos cheiros.
Hmmm...que delícia.
Cheiro de chuva, terra molhada, bolo quentinho e folha queimada. Cheiro daquele perfume ou daquela pessoa, cheiro do pé e do chulé, do carro,da casa, cheiro do gozo e da cama acompanhada.
Fui adiante, vi mais algumas coleções. Decidi não mexê-las.
Olhei em volta e vi que tinha acabado minha expedição.
E minha coleção de papel de cartas continuou lá guardada, como boa recordação.

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